Orientações para a formação do estudante no Ensino Médio: retorno à Teoria do Capital Humano?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18675/1981-8106.v35.n.69.s17722

Palavras-chave:

Política educacional. Escola pública. Ensino Médio. Teoria do Capital Humano.

Resumo

Este artigo analisa de que forma a Lei nº 13.415/2017 aprofunda a relação entre educação e mercado, reforçando, assim, a Teoria do Capital Humano na formação do Ensino Médio. Desenvolvido com orientações do método materialista histórico-dialético, com base em pesquisa bibliográfica, análise de documentos e de legislação, este artigo busca responder ao questionamento: que formação a reforma possibilita a jovens brasileiros? Entendemos ser uma discussão relevante pelo fato de que a reforma, envolta em premissas neoliberais, compromete a educação e a história de luta por uma educação pública e de qualidade. O resultado é o alinhamento da educação à economia e ao empreendedorismo pela orientação que o Ensino Médio passa a ter ao contemplar itinerários formativos que tomam por referência a formação com base no desenvolvimento de habilidades e competências. Concluímos com a compreensão de que, do modo como o Ensino Médio está projetado, não possibilitará emancipação cidadã; pelo contrário, promoverá a submissão da formação ao mercado.

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Publicado

27-02-2025

Como Citar

SOUZA, L. N. de; CZERNISZ, E. C. da S. Orientações para a formação do estudante no Ensino Médio: retorno à Teoria do Capital Humano?. Educação: Teoria e Prática, [S. l.], v. 35, n. 69, p. e13[2025], 2025. DOI: 10.18675/1981-8106.v35.n.69.s17722. Disponível em: https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/article/view/17722. Acesso em: 1 abr. 2025.

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