A GEOGRAFIA, A CARTOGRAFIA, A DESCRIÇÃO E A ALIENAÇÃO

Resumo

A cartografia e geografia realizadas hegemonicamente nas instituições de pesquisa e ensino têm limitado seus discursos à descrição do real. O fundamento desta postura é a crença em um isomorfismo existente entre o signo, a linguagem e o real, expressão da assunção do ideal de cientificidade moderno constituído no contexto do modo capitalista de produção. A referida postura pode estar indicando o estancamento do processo de conhecimento – do ser, do mundo e do ser no mundo –, cuja realização implica em um incessante movimento dialético entre o desconhecido e o conhecido. No presente trabalho, abordo as concepções de conhecimento, verdade, linguagem e representação, presentes na cartografia e geografia hegemônicas, especificamente aquelas do ensino básico. São essas que indicam a ancoragem desses saberes em um projeto societário voltado à (re) produção da atual ordem social, deslegitimando espacialidades, mapas, cartografias e geografias produzidos pelo Outro que, nesta perspectiva, tem sido alijado do direito ao estabelecimento de leituras acerca das espacialidades vividas.