PROPOSTA DE UM ÍNDICE DE RISCO ECOLÓGICO PARA DISPOSIÇÃO SUSTENTÁVEL DE SEDIMENTOS DE DRAGAGEM EM LATOSSOLOS E CHERNOSSOLOS
Autores
Ricardo CESAR
Ana Paula RODRIGUES
Edison BIDONE
Zuleica CASTILHOS
Helena POLIVANOV
Tácio de CAMPOS
Resumo
O presente trabalho trata da construção e aplicação de um índice de risco ecológico visando à estimativa numérica dos efeitos tóxicos à biota associados à disposição de sedimentos de dragagem (oriundos do Canal do Cunha, Bacia da Baía de Guanabara, RJ) em Latossolos e Chernossolos. Para tanto, dados de bioensaios laboratoriais com o emprego de organismos terrestres (minhocas, colêmbolos, enquitreídos e alface) e aquáticos (cladóceros e algas clorofíceas) foram compilados da literatura. As doses de sedimento aplicadas ao solo variaram entre 0% (solo puro) e 33%. Os indicadores ecotoxicológicos e o tipo de bioensaio empregado foram ranqueados conforme sua relevância ecológica. Os efeitos que comprometem à existência da espécie (morte, germinação e imobilidade) receberam peso 3, enquanto os efeitos associados à perpetuação da espécie (reprodução) receberam peso 2. Aos demais efeitos (comportamento de fuga, alimentação e perda de biomassa), foi atribuído peso 1. Os bioensaios foram ranqueados conforme a noção de sustentabilidade. Dessa forma, aos ensaios agudos e crônicos foram atribuídos pesos de valores 1 e 2, respectivamente. Os resultados indicam que os riscos em Chernossolo são maiores do que em Latossolo. Porém, quando o ensaio de reprodução com colêmbolos é excluído da análise, os riscos em Latossolo são maiores. Tal fato decorre das vias de exposição dos colêmbolos aos contaminantes e da abundância de argilominerais expansivos em Chernossolo capazes de promover o sequestro geoquímico de contaminantes catiônicos, visto que tais animais estão geralmente menos vulneráveis à contaminação da água intersticial do solo quando comparados a anelídeos edáficos ou plantas. Os resultados ainda possibilitaram a indicação de limiares de doses de segurança ecológica a serem aplicadas aos solos, conforme a categorização a seguir: (i) < 1,25% = Risco Baixo ou inexistente; (ii) 2,5-10% = Risco Mediano I; (iii) 10-20% = Risco Mediano II; e (iv) > 20% = Risco Alto.