A EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA E ESTRATIGRAFICA DE UMA BARREIRA TRANSGRESSIVA/REGRESSIVA NA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL
Morphological and stratigraphic evolution of a transgressive/regressive barrier in the coastal plain of Rio Grande do Sul
DOI:
https://doi.org/10.5016/geociencias.v39i03.14450Resumo
O presente estudo elucida como decorreu a inversão do regime deposicional (transgressivo/regressivo) holocênico nos sistemas de barreiras costeiras no setor Torres-Curumim no litoral norte do Rio Grande do Sul. A origem das barreiras costeiras neste setor se deu a partir da implantação de uma unidade transgressiva basal (retrogradacional), diretamente sobre o substrato pleistocênico, sendo sucedida de uma unidade regressiva (progradacional). A transição entre estas unidades antecedeu o ápice da Transgressão Marinha Pós-Glacial (TMP), indicando uma situação de elevado suprimento sedimentar (suprimento > acomodação), o que resultou durante a progradação da barreira costeira, uma fase inicial de regressão normal. Sondagens geotécnicas Standard Penetrating Test (SPT), vibrocore e perfis de Ground-penetrating Radar (GPR) foram, utilizados na aquisição de dados estratigráficos do registro sedimentar. Análises sedimentológicas, paleontológicas e geocronológicas foram utilizadas na descrição e interpretação das fácies sedimentares e suas associações. Os primeiros registros da TMP neste setor costeiro, correspondem aos ambientes lagunares que ocuparam a retaguarda da barreira costeira em configuração transgressiva. Canais de ligação viabilizaram a dinâmica entre laguna e oceano o que conduziu a evolução de depósitos estuarinos na retaguarda da barreira. Depósitos de leques de sobrelavagem, deltas de maré enchente e dunas transgressivas foram identificados como os modos operantes da transferência de sedimentos em direção ao continente. Estes mesmos depósitos no setor oceânico da barreira representam a área fonte sedimentar requerida para a barreira executar sua migração em direção do continente. Este deslocamento da barreira termina por restringir o espaço de acomodação na retrobarreira, dando início à inversão do regime deposicional transgressivo/regressivo, e por consequência interrompe os eventos de sobrelavagem e a dinâmica dos canais de ligação. O isolamento completo da retrobarreira (lagunar/estuarina) dá início a fase regressiva (progradacional) da barreira antes de ter sido atingido o nível mais alto da TMP (máximo eustático). Esta situação tipifica esta fase inicial de progradação como uma regressão normal. No entanto, ao término da Transgressão Marinha Pós-Glacial o nível relativo do mar finalmente inicia seu rebaixamento provocando agora uma regressão forçada que persiste até os dias atuais.