A EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA E ESTRATIGRAFICA DE UMA BARREIRA TRANSGRESSIVA/REGRESSIVA NA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL

Morphological and stratigraphic evolution of a transgressive/regressive barrier in the coastal plain of Rio Grande do Sul

Autores

  • Leonardo Gonçalves de LIMA Universidade Federal do Maranhão-UFMA
  • Claúdia Klose PARISE UFMA

DOI:

https://doi.org/10.5016/geociencias.v39i03.14450

Resumo

O presente estudo elucida como decorreu a inversão do regime deposicional (transgressivo/regressivo) holocênico nos sistemas de barreiras costeiras no setor Torres-Curumim no litoral norte do Rio Grande do Sul. A origem das barreiras costeiras neste setor se deu a partir da implantação de uma unidade transgressiva basal (retrogradacional), diretamente sobre o substrato pleistocênico, sendo sucedida de uma unidade regressiva (progradacional). A transição entre estas unidades antecedeu o ápice da Transgressão Marinha Pós-Glacial (TMP), indicando uma situação de elevado suprimento sedimentar (suprimento > acomodação), o que resultou durante a progradação da barreira costeira, uma fase inicial de regressão normal. Sondagens geotécnicas Standard Penetrating Test (SPT), vibrocore e perfis de Ground-penetrating Radar (GPR) foram, utilizados na aquisição de dados estratigráficos do registro sedimentar. Análises sedimentológicas, paleontológicas e geocronológicas foram utilizadas na descrição e interpretação das fácies sedimentares e suas associações. Os primeiros registros da TMP neste setor costeiro, correspondem aos ambientes lagunares que ocuparam a retaguarda da barreira costeira em configuração transgressiva. Canais de ligação viabilizaram a dinâmica entre laguna e oceano o que conduziu a evolução de depósitos estuarinos na retaguarda da barreira. Depósitos de leques de sobrelavagem, deltas de maré enchente e dunas transgressivas foram identificados como os modos operantes da transferência de sedimentos em direção ao continente. Estes mesmos depósitos no setor oceânico da barreira representam a área fonte sedimentar requerida para a barreira executar sua migração em direção do continente. Este deslocamento da barreira termina por restringir o espaço de acomodação na retrobarreira, dando início à inversão do regime deposicional transgressivo/regressivo, e por consequência interrompe os eventos de sobrelavagem e a dinâmica dos canais de ligação. O isolamento completo da retrobarreira (lagunar/estuarina) dá início a fase regressiva (progradacional) da barreira antes de ter sido atingido o nível mais alto da TMP (máximo eustático). Esta situação tipifica esta fase inicial de progradação como uma regressão normal. No entanto, ao término da Transgressão Marinha Pós-Glacial o nível relativo do mar finalmente inicia seu rebaixamento provocando agora uma regressão forçada que persiste até os dias atuais.

Biografia do Autor

Leonardo Gonçalves de LIMA, Universidade Federal do Maranhão-UFMA

Leonardo Gonçalves de Lima é graduado em Oceanografia pela Universidade Federal do Rio Grande (2004), área de concentração em Gerenciamento Costeiro, mestre em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008), área de concentração em Geologia Marinha e doutor em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012), área de concentração em Geologia Marinha. Tem experiência nos temas: 1) Oceanografia Geológica/Geologia Marinha - instrumentação, aquisição e interpretação de dados como sedimentologia, geofísica, batimetria, sondagens geológicas e geotécnicas. 2) Estratigrafia - Ambientes deposicionais clásticos costeiros. 3) Bioestratigrafia - paleoecologia e paleoambiente do Quaternário costeiro. 4) Paleontologia - paleoecologia de icnofósseis de vertebrados. 5) Geocronologia - datações radiocarbono. Atualmente é professor adjunto no Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e docente/pesquisador permanente do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia da UFMA (PPGOceano), atuando na linha de pesquisa de Dinâmica de Ambientes Costeiros e Oceânicos.

Claúdia Klose PARISE, UFMA

Cláudia Klose Parise é Oceanógrafa formada pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), mestre em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutora em Meteorologia pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE). Atua na área da Morfodinâmica Costeira e Erosão Praial, Interação Oceano-Atmosfera-Criosfera, Gelo Marinho, Climatologia Antártica, Modelagem Climática, Circulação Oceânica e Atmosférica Global e Regional, Climatologia Dinâmica de Altas, Médias e Baixas Latitudes. Tem experiência com Topografia de Praiais e Monitoramento de Marés Meteorológicas, Modelagem Numérica de Propagação de Ondas Oceânicas (Wave Model - WAM e Simulating WAves Nearshore - SWAN), Análise de Funções Ortogonais Empíricas e Componentes Principais, Análise Espectral de Onda, Modelagem Climática Acoplada Oceano - Atmosfera - Gelo Marinho (Modelos CM2.1 e MOM5), Análise de Climatologias, Tratamento de Dados de Longas Séries Temporais e Técnica de Identificação e Rastreio de Ciclones Extratropicais (TRACK). Atualmente é Professora Adjunta A nível 1 junto ao Departamento de Oceanografia e Limnologia (DEOLI) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) onde atua como Coordenadora do Laboratório de Estudos e Modelagem Climática (LACLIMA), Docente Permanente no Programa de Pós-Graduação em Oceanografia (PPGOceano). A pesquisadora também é Docente Colaboradora no Curso de Pós-Graduação em Meteorologia do INPE (PGMET).

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Publicado

2020-09-29

Edição

Seção

Artigos