GONDWANA PALEOLANDSCAPES: LONG-TERM LANDSCAPE EVOLUTION, GENESIS, DISTRIBUTION AND AGE

Autores

  • Jorge RABASSA CADIC-CONICET

Resumo

“O conceito de “Paisagem Gondwânica” foi definido por Fairbridge (1968) como uma “paisagem ancestral” composta por “séries remanescentes de planícies” “que registram traços de episódios de aplainamento mais antigos”, durante o Mesozóico superior (localmente Jurássico ou Cretáceo). Este conjunto de planícies foi chamado de superfície terrestre cíclica gondwânica nos continentes do hemisfério sul. Remanecentes destas superfícies são encontrados também na Índia, no hemisfério norte, e se assume também terem sido presercadas na Antártida Oriental, por baixo da camada de gelo, que cobre a região com espessura média de 3000 metros. Estas paleopaisagens foram geradas quando o antigo supercontinente Gondwana estava agrupado e condições tectônicas similares em seus fragmentos à derica teriam permitido sua preservação. Restos de superfícies equivalentes, embora em condições muito fragmentadas, têm sido descritas na Europa e nos Estados Unidos. Estas superfícies gondwânicas planas são características de regiões cratônicas, às quais tem sobrevivido na paisagem sem ter sido recobertas por sedimentos marinhos ao longo de tempos muito prolongados, tendo sido expostas a intemperismo subaéreo e denundação. Sua gênese está relacionada com paleoclimas extremamente úmidos e quentes de natureza "hiper-tropical", com solos permanentemente saturados de água, ou talvez climas paleomonçônicos extremos, com flutuações cíclicas ou estacionárias, desde extremamente úmidos a extremamente secos. Meteorização química profunda é o processo geomorfológico dominante, com o desenvolvimento de perfís de alteração extremamente profundos, talvez de até centenas de metros de profundidade. Os produtos de alteração são argila, caulinita, quartzo puro e outras formas de areias silicosas, com a eliminação de todos os outros minerais e formação de duricrostas, tais como ferricretas (ferro), silcretas (de sílica) e calcrete (carbonato de cálcio). A precipitação anual nestes períodos talvez tenha sido mais elevada do que 10.000 mm, com temperaturas médias anuais extremamente altas, talvez entre 25 e 30oC. Isto poderia ter sido alcançado sob condições tectônicas e climáticas extremamente estáveis. Os processos geomorfológicos incluem pediplanização extensa sob climas úmidos/semi-áridos e/ou com mudaças sazonais. Finalmente, sua evolução continuou com a remoção fluvial dos produtos de intemperismo em climas úmidos e com deflação hidro-eólico nas áreas com ambientes semi-áridos ou forte sazonalidade climática. Os produtos finais da paisagem destes sistemas de meteorização profunda/pediplanação são superfícies aplaindas, planícies gravadas, inselbergs, bornhardts, duricrostas remanescentes que cobrem nesetas e pediplanos associados, paisagem de granitos meteorizados, etc. Alguns conceitos relativos a esses sistemas de paisagem antigos foram desenvolvidos teoricamente por Walther Penck no início do século 20. As paleopaisagens do Gondwana foram estudadas por Alexander Du Toit e Lester C. King, na África e, mais recentemente, por Timothy Partridge e Maud Rodneyna, na África do Sul, C. Rowland Twidale e Cliff Ollier na Austrália, e Lester C. King e João José Bigarella, no Brasil, entre muitos outros. Tanto na Austrália como na África do Sul estes sistemas de paisagem foram identificados como sendo formados no Jurássico médio ao superior, por todo o Cretáceo e, em alguns casos, estendidos no Paleógeno, quando o Gondwana ainda era apenas parcialmente desmembrado. Palavras chave: Supercontinente Gondwana, paleopaisagens, evolução da paisagem a longo prazo, Hemisferio Sul, Jurássico, Cretácico.

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