TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO EM ESTUÁRIO DO SUDESTE DO BRASIL, BASEADAS EM ASSINATURA GEOQUÍMICA E HISTÓRICO INDUSTRIAL
Autores
Wanilson LUIZ-SILVA
Universidade Estadual de Campinas
Rosa Helena Ribeiro MATOS
Universidade Estadual de Campinas
Wilson MACHADO
Universidade Estadual de Campinas
Érico Casare NIZOLI
Universidade Estadual de Campinas
Resumo
Geoquímica de sedimentos e produção industrial de aço foram combinadas para estabelecer taxas de sedimentação em uma parte do sistema estuarino de Santos-Cubatão (Estado de São Paulo), no período de 1959 a 2004. Um polo industrial na área tem incrementado os níveis de metais nos sedimentos e o fator de enriquecimento do ferro foi usado como marcador de atividades siderúrgicas no rio Morrão. Os resultados de um testemunho (260 cm de profundidade) mostram que sedimentos profundos (>90 cm; pré-1976)
contêm as menores concentrações de ferro (5,26 ± 0,69%) e taxa de sedimentação média de 7,6 cm ano-1
. Este episódio foi relacionado a um período de baixa produção industrial e crescente construção civil no polo industrial de Cubatão. Sedimentos entre 90-40 cm contêm as maiores concentrações de ferro (até 32,52%) e taxa de sedimentação média estimada em 6,6 cm ano-1. Esta sedimentação reflete o incremento na produção de aço e a deliberada descarga de resíduos industriais no período entre 1977 e 1983. A partir de 1984
(profundidade <40 cm), ocorreram diminuições súbitas nos níveis de Fe (8,43-22,35%) e nas taxas de sedimentação (média de 1,7 cm ano-1), coincidentes com a implementação de um programa oficial anti-poluição na área e de atividades de reflorestamento das encostas da Serra do Mar, reduzindo a erosão na bacia de drenagem. Este estudo mostrou que a assinatura geoquímica registrada no sedimento pode ser
consequência das atividades industriais presentes no ambiente e pode ser uma técnica alternativa para avaliar a história da sedimentação.
Palavras-chave: Cubatão; contaminação; taxa de sedimentação.