Cabeça de ferro, peito de aço, perna de pau: a construção do corpo esportista brincante.
DOI:
https://doi.org/10.5016/6542Palavras-chave:
História de vida. Ludicidade. Esporte.Resumo
O confronto das teorias da ludicidade com o cotidiano de jogadores profissionais de futebol levou-me a investigar as seguintes questões: do ponto de vista das teorias acerca da ludicidade, pode um atleta profissional vivenciá-la em sua atividade? O que a história do futebol brasileiro nos revela sobre os princípios da ludicidade? Considerando o futebol profissional brasileiro, pode um jogador atuar de forma lúdica em a sua profissão? Buscando compreender essas e outras indagações, analisamos a história do futebol no contexto sociopolítico brasileiro, evidenciando os aspectos centrais da atuação dos atores sociais nesse meio. A história de vida de Dario José dos Santos, ex-jogador profissional de futebol, juntamente com as entrevistas de apoio realizadas com outros atores sociais, como ex-jogadores, treinadores; jornalistas ligados ao futebol e à trajetória de Dario, bem como a análise de material videográfico, fotográfico e de outras fontes documentais, serviram como referencial básico para a compreensão do cotidiano do futebol profissional brasileiro à luz da literatura relacionada à ludicidade. Essa articulação metodológica revelou o futebol brasileiro como um campo onde se cruzam inúmeros interesses sociais, econômicos, políticos, culturais; como um cenário onde os movimentos de conformismo e resistência sociocultural se entrelaçam permitindo aos seus diversos sujeitos o exercício de variados papéis. A trajetória de Dario José dos Santos como esportista evidenciou a possibilidade da vivência lúdica no cotidiano do futebol profissional, contrariando assim os pressupostos da teoria proposta por Huizinga acerca da ludicidade. Personificando o corpo do "esportista brincante", Dario nos indica o potencial transformador e revolucionário do esporte profissional na medida em que suas ações fundaram-se principalmente no prazer de jogar, no respeito aos limites do outro, na forma criativa e crítica de dialogar com a bola e com os outros sujeitos sociais, no desejo da construção coletiva das jogadas, bem como na alegria de fazer os outros sorrirem e festejarem. Essas conclusões corroboram a opinião de alguns estudiosos da ludicidade, que apontam para a necessidade de redimensionamento do esporte na perspectiva lúdica.Downloads
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